José não largava seu violão quando era adolescente. Dizia que iria morrer tocando o instrumento e que nunca o trocaria por nada. Após um tempo, seus pais conseguiram comprar um rádio, o qual foi roubado pelo menino, encantado pelo aparelho. Ângela já não acreditava nas promessas do amigo, que jurava passar a tarde com ela, mas se esquecia do compromisso e ia embaixo de alguma árvore escutar o bendito do rádio.
Na fase adulta, José se apaixonou por Marina, uma colega de faculdade. Namoraram alguns anos e se casaram. Um dos presentes, coincidentemente dado por uma mulher, era uma televisão. A esposa começa, então, a acusar o marido, alegando que ele não saía da frente do televisor porque ele devia ser presente de alguma “loira oxigenada”. José nem ligava para Marina, até que ela defenestrou o aparelho.
O homem, decidido a modernizar a casa, comprou uma vitrola e pouco mais de trinta discos de vinil. Foi uma época boa para o casal, pois toda vez que ele queria dançar, chamava a esposa. Mas não durou muito. José comprou um walkman – uma espécie de rádio com fone de ouvido-. Voltava do trabalho e se trancava no banheiro. Marina pediu o divórcio e José não deu; doou o walkman a quem não tinha condições de comprar.
Chega, finalmente, a internet, não vencida por Marina, que havia se cansado de ouvir tantos “Quer casar comigo?” que seu marido dizia sempre ao computador e a outros aparelhos eletrônicos, como a televisão. Passava mais horas vendo imbecilidades no mundo virtual do que com a própria esposa que, cansada de ser substituída por seres inanimados, fez com José a mesma coisa que fez com tudo que atrapalhava seu caminho: o defenestrou.
Maldita tecnologia!
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