Os pés de minha mãe

  Desde pequena admirei os pés de minha progenitora. Olhava fixamente para eles nas mais diversas situações. No entanto, as tristes... Ah, estas eram especiais. O contraste entre a face surrada pela derrota e as pernas de uma majestade me encantavam. Seus pés não necessitavam de pedicure; já eram feitos por Deus e em toda a sua delicadeza residia a beleza amarga de uma vaidade reprimida, mas que ainda não havia desistido. Eram os pés de uma vida amarga; são os pés mais lindos.

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