Reinado mórbido

 Como dito em outro conto, o dia em questão estava menos agradável que qualquer noite de rotina. Extremamente parado, fruto de uma semana de decepções e emoções. Nem uma aranha aguentou; resolveu ir buscar coisa mais alegre que sua brincadeira de saltar na teia e subir de novo. Nem uma esperança, livre e saltitante, alegre no dia anterior; resolveu morrer, agonizando em cima de uma bíblia. Aparentemente a morbidez havia tomado conta e, mesmo com umas gotas de alegria, as decepções do mundo que compreendemos a nossa volta tratava logo de sorvê-las. Analisando o clima insanamente chato, sabe-se lá se elas realmente eram dignas de aparecer no reinado soberano que se instalou. Dessa forma, apenas restou aos plebeus que esperassem o Dia de Amanhã, porque a Vontade já havia sido consumida. De manhã até a noite, não houve dia tão estranho como aquele.

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