Odisseia

 A porta se abre e o olhar rapidamente passa sobre meus olhos. A mensagem: insegurança. Sorrio e aceno com a cabeça a fim de garantir que está tudo bem, apesar de que também estou com medo. Nunca temos a certeza sobre o que nos aguarda; o que há para além daquela parede. Ando até a porta e avalio como o lugar se encontra. Limpo. Alívio. Ir ao banheiro em shopping centers é sempre aquela saga.

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Demônios


  Todas as pessoas têm demônios, mesmo que não queiram. Algumas conseguem domá-los ou conviver com eles. Não os escolhi e penso serem assustadores. Meus demônios são ariscos e não podem ser domados; não por ora. Mas as pessoas acham que é frescura quando digo que são mais fortes que eu. Tendem a padronizar comportamentos e extrapolar a todas as pessoas que sofrem com seus demons a mais. As sombras não se aquietam quando eu expiro e inspiro em um certo ritmo; de fato, aproveitam-se para me sufocar ainda mais. O Desespero adora esse momento. Talvez isso ajude a outros donos de demônios a lidarem com eles, mas não a mim. Não agora. Talvez a minha pessoa ainda não esteja madura para lidar com tantos vultos esperando o momento certeiro para me golpear. Golpe, golpe. A cada trinca no meu corpo vem um golpe. Soco, soco. A cada rachadura na minha alma, o sufoco. Às vezes não sei se estou viva ainda, nossos bixos nos dão essa certeza mas quero confirmar. A pele, o sangue, o sangue vivo esvaindo pela alma. Vida, viva. Sobreviva. Sobrevivo com meus demônios a minha volta enquanto tento desviar dos tiros que me julgam e não me ajudam. E se forem para ajudar, que sejam para me ouvir e não para me rasgar.

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As formas da poesia

Faz poesia. Menina, mas que agonia! Olha essa rima, desanima. Gosta de escrever, mas não quer saber de melhorar. Poesia é a canção da alma, o desabafo e os traumas, todos libertos, não mais cobertos. Poesia não é só linha de quatro em quatro, compostas de rimas pobres ou rimas ricas. Nem tudo tem que rimar, rodopiar e sorrir. Nem sempre se deve ler, agradecer e aplaudir. Às vezes se deve saber a hora de criticar e de aceitar. Entender que poesia tem várias formas ou, na verdade, não tem nenhuma.

Ou só tem uma. A sua.



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Empatia e a falta dela

 Um botão. Uma borboleta recém-metamorfose. Ah, tão frágil. Os gigantes não a entendem e querem tomar controle. Sobre suas asas ainda a se consolidar colocam seus dedos; deformam-nas. Injustiça fazem quando não consideram seu sofrimento. Sua tristeza escorre por seu corpo; ninguém a vê. Ninguém quer.


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