Todas as pessoas têm demônios, mesmo que não queiram. Algumas conseguem domá-los ou conviver com eles. Não os escolhi e penso serem assustadores. Meus demônios são ariscos e não podem ser domados; não por ora. Mas as pessoas acham que é
frescura quando digo que são mais fortes que eu. Tendem a padronizar comportamentos e extrapolar a todas as pessoas que sofrem com seus
demons a mais. As sombras não se aquietam quando eu expiro e inspiro em um certo ritmo; de fato, aproveitam-se para me sufocar ainda mais. O Desespero adora esse momento. Talvez isso ajude a outros donos de demônios a lidarem com eles, mas não a mim. Não agora. Talvez a minha pessoa ainda não esteja madura para lidar com tantos vultos esperando o momento certeiro para me golpear. Golpe, golpe. A cada trinca no meu corpo vem um golpe. Soco, soco. A cada rachadura na minha alma, o sufoco. Às vezes não sei se estou viva ainda, nossos bixos nos dão essa certeza mas quero confirmar. A pele, o sangue, o sangue vivo esvaindo pela alma. Vida, viva. Sobreviva. Sobrevivo com meus demônios a minha volta enquanto tento desviar dos tiros que me julgam e não me ajudam. E se forem para ajudar, que sejam para me ouvir e não para me rasgar.
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