Metalinguagem pedante

 Um pouco inspirada nos acontecimentos exóticos ao meu cotidiano, resolvi buscar antigos amores. Todas as pessoas deixam lembranças boas e ruins. Procurava uma bem ruim. Nunca o amei e, talvez, sempre lhe tivera inveja porque nunca admiti que escrevesse melhor que eu. Os dois tínhamos veias artísticas, como dizem, mas meu ego sempre foi maior. Ah, e como. Hoje concluo o que sentia e, logicamente, não é algo admirável. Temos sempre de aceitar o talento de outrem, por mais que nos esforcemos. E depois de tanto tempo, percebo que minha boa escrita talvez não passasse de mero treino. Supostamente, o talento melhora com a prática, mas nunca regride se uma pausa é feita. Ou pelo menos não ao ponto em que cheguei. Creio que o que se sucedeu dia desses confirme esta minha opinião. Contaram-me que me chamaram de metida logo após a minha saída porque estávamos discutindo português e eu quis achar-me "um pouco a mais" que os mais velhos. Não estou aqui para me defender ou mesmo ofender alguém. Apenas que, onde se começa um assunto sobre a língua, nada melhor que discuti-la utilizando a própria. Porém, fazê-lo pode ser sinônimo de pedantismo, mesmo que a base de sua argumentação seja muito bem explicitada.
  Robótica, usei as regras linguísticas sem a adição das opiniões gramaticais dos que se dedicam a isso. Quem sou eu para discutir? Além do mais, sempre que me refiro à língua amada o faço à escrita, não à falada. Realmente, desde que se entendam emissor e receptor, nada é errado. No entanto, não é se comunicando desta forma enjambrada que se consegue proficiência linguística ou ter uma tese aceita sem nenhum tipo de problema. E é nesta parte que eu tento... ah, apenas tento, entrar. Não me importa como se pronuncia uma palavra, considerando a existência de regionalismos, tudo pode ser aceito. Menos a guria perdida num texto "mais-que-formal".
  É justamente esse comportamento que confirma a opinião anteriormente apresentada. Não acho que a presente escritora reflita sobre seus usos linguísticos de forma apropriada ou que os repasse da mesma maneira. Creio que seja deveras entediante. Tanto, que chego a comparar-me com Augusto Cury. Não ao seu brilhantismo e filosofia, mas ao seu modo "preso", rígido de se redigir. São tantas regras identificáveis que eu faria uma analogia a um desenho de traço duro e pesado, basicamente sem vida. Se é assim, realmente meu ego será obrigado a retornar de onde veio, assim como aceitação de alguém ser melhor que você. 

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